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5 Pontos a se pensar antes de contratar uma editora

Então você concluiu o seu livro. Escreveu aquela palavrinha mágica com a qual todo autor sonha dia e noite: “Fim”. É uma vitória enorme, parabéns!!!! É hora de comemorar! Mas, se você pensa que o trabalho terminou, está muito enganado. Se, assim como a maioria dos autores, você pretende publicar o livro, tem início agora uma etapa tão difícil quanto escrevê-lo.

Ser um autor estreante não é fácil. Em sua trajetória, você encontrará muitas pessoas dispostas a ajudar. Mas, infelizmente, também existem aquelas que querem se aproveitar de seu entusiasmo e de sua pouca experiência. É difícil saber quem é quem. Em meio a tantos detalhes, fechar contrato com uma editora é uma das partes mais difíceis, e é por isso que, a pedidos, resolvi escrever alguns aspectos a se considerar antes de assinar. Vamos lá!

 

Não assine se tiver dúvidas. Pergunte!
Não assine se tiver dúvidas. Pergunte!

 

1) Se terá que pagar, então a editora não está te contratando. É você quem está contratando a editora. Você é o cliente.

Muitos autores fazem confusão aqui. Publicam fotos no facebook agradecendo a Deus por terem conseguido um contrato. Depois, quando compreendem melhor o que estão assinando, acabam se sentindo um pouco envergonhados. Não estou dizendo que seja vergonhoso contratar uma editora! Muito pelo contrário, é uma prova de esforço, perseverança e fé em seu próprio trabalho. No entanto, não se deixe iludir por um papel escrito “contrato”, ele pode significar qualquer coisa. Por isso, leia todas as cláusulas detalhadamente. Quem está oferecendo serviços a quem?

Uma vez que compreenda como a contratação funciona, é necessário que você cumpra seu papel. Como cliente, é seu dever prezar pelo bom serviço, analisar o que lhe é entregue e exigir que seja cumprido de acordo com o contrato. Por isso, fique atento a tudo o que lhe é prometido. Por exemplo, caso a editora tenha dito que vai divulgar o seu livro, certifique-se de que a informação consta no contrato, para poder exigir depois.

Para encerrar, um aspecto que pega muita gente: cessão de direitos autorais. Uma editora comercial paga ao autor, em troca de explorar a obra comercialmente. Uma editora prestadora de serviços recebe do autor, em troca de transformar o texto bruto em um produto comercializável. Ou seja, se você está pagando, não tem que ceder direito algum. Não faz sentido. Caso uma editora lhe envie um contrato dizendo “você paga o valor X e a editora fica com os direitos do seu livro por Y anos”, talvez seja melhor escolher outra.

 

2) Quanto você vai pagar e quantos exemplares receberá em troca?

Vejo por aí muitos autores dizendo que vão investir 5 mil reais (valor fictício), a editora vai imprimir 200 livros, dos quais enviará 20 para o autor e fará a distribuição dos outros 180. Tá aí uma questão muito complicada. Com excessão da Novo Século, que cobra 15 mil, envia 500 unidades para o autor e distribui outras 1500, eu nunca ouvi falar de outra editora paga que, de fato, faça uma distribuição decente. Para começo de conversa, porque 180 livros não dá para nada. Seria muito mais vantajoso se a editora enviasse logo os 200 para o autor. Assim, ele poderia vender tudo e reaver o dinheiro. O maior problema que eu vejo é que, além do autor pagar caro, as editoras não costumam deixar claro se ele receberá algum direito autoral em cima dos exemplares distribuídos. Complica ainda mais se a editora promete distribuir fora do país. Já vi muitos autores se lamentando por aí, então tome cuidado! Não tenha preguiça de fazer as contas. Calcule quanto você vai pagar por exemplar do livro, e por quanto poderá revender. Não inclua nessa conta os exemplares que não virão para as suas mãos. Lembre-se de que, se você quiser colocar para vender em uma livraria, ela vai cobrar até 50% do preço de capa. E entenda que, além da impressão, existe todo o custo de edição, revisão, diagramação, capa, etc. Tenha certeza de quais serviços estão inclusos.

Mais importante do que tudo: lembre-se mais uma vez de que você é o cliente. Não tenha vergonha de entrar em contato com diversas editoras, perguntar como é a forma de trabalho delas e quanto custa. Isso se chama levantamento de orçamento e existe em todos os mercados. Elas vão pedir a você que envie o livro em arquivo de Word, dizendo que precisam “avaliar a qualidade da obra”. Na verdade, querem apenas fazer as contas de quantas páginas terá o produto final. Pode enviar, sem medo, mas lembre-se de registrar a obra na Biblioteca Nacional antes.

 

Esta sou eu, calculando quantos livros tenho que vender para pagar a publicação.
Esta sou eu, calculando quantos livros tenho que vender para pagar a publicação.

 

3) Distribuição é a parte mais difícil.

Publicar um livro não necessariamente significa vê-lo sendo vendido em livrarias. Editoras grandes contam com setores inteiros voltados apenas para a distribuição, porque é mesmo um assunto complicado. Cada livraria trabalha de um jeito, e é necessário entrar em contato de uma por uma. Distribuidoras podem ajudar, geralmente cobrando 10% do preço de capa, mas são pouquíssimas as que distribuem para o Brasil inteiro, e estas não trabalham com autores independentes ou editoras pequenas.

Sabendo desses problemas, algumas editoras menores estão realmente se empenhando em melhorar a distribuição de seus títulos. Pergunte à editora que você vai contratar quais são as livrarias parceiras. Funciona assim: elas enviam o catálogo para grandes redes, como Cultura ou Saraiva, disponibilizarem em seus sites. Caso haja interesse, essas livrarias podem comprar alguns exemplares. Mas, como já disse, continua sendo difícil. As livrarias apenas vão encomendar se houver procura. Para haver procura, tem que ter publicidade. Para ter publicidade, geralmente é necessário um investimento que autores estreantes não têm condições de fazer.

Mas, calma! Nem tudo está perdido. Existe uma força mágica que contorna essas adversidades. Chama-se contato humano. Eu entendo que seja difícil distribuir em lugares distantes, mas que tal vender em sua própria cidade? Eu tive uma experiência bem bacana em relação a isso. Fui a cada uma das livrarias da cidade onde morava, conversei com o gerente e fui recebida superbem. Colocaram meus livros em destaque, lá na frente, em lugar visível. Isso fez toda a diferença para mim. Experimente você também! Não seja um autor que só fica em casa, escondido atrás da tela de um computador. Saia, converse com as pessoas. Você vai se surpreender! Mas tenha cuidado ao se expressar. Não pense que as livrarias são obrigadas a receber os seus livros. Alguns autores ficam tão felizes com o lançamento, que passam a se comportar de maneira presunçosa. Não seja um desses. Mantenha-se humilde e respeite o trabalho das outras pessoas. São grandes as chances de que elas façam o mesmo com o seu.

 

Meu livro tá na vitrine! Issa!!!
Meu livro tá na vitrine! Issa!!!

 

4) É você quem vai divulgar o seu trabalho.

Por mais que a editora se comprometa a divulgá-lo, saiba que o seu livro será apenas mais um em meio a um extenso catálogo. Além disso, ela dará preferência a títulos que já estejam em alta. É hora de arregaçar as mangas e ir à luta! Busque parcerias com blogs, promova book tours, divulgue citações em grupos do Facebook, crie uma fanpage, faça sorteios. Mas, acima disso tudo, seja presente no mundo offline. Participe de feiras do livro, una-se a grupos de autores, se ofereça para dar palestras em escolas, dê entrevistas para o jornal. Enfim, venda o seu peixe. Mas vá além. Pense nos livros que você tem a vender, mas pense também no seu papel como autor, dentro da nossa sociedade. Divulgue a leitura, incentive novos autores, compartilhe histórias, aprenda com os outros. Celebre a literatura e viva a experiência de ser um autor nacional.

 

5) Pesquise bastante.

Se você leu até aqui, então já está seguindo esse conselho. Mesmo assim, é sempre bom reforçar. Tem muito material bom na internet, eles podem servir como guias. Aproveite cada informação que encontrar. Entre em contato com quem já passou por isso. Toda vez que recebo uma mensagem de um aspirante a escritor, eu já sei que aquela pessoa está no rumo certo. Não tenha vergonha. Entre em contato também com as editoras, pergunte. Não assine nada que não compreenda. Repetindo: peça muitos orçamentos. Compare. Tenha pensamento crítico. Existem muitas formas de publicar um livro, pesquise sobre todas elas. Saiba onde está se metendo e tome uma decisão consciente.

 

Comemore, sempre! Escrever um livro é uma vitória!
Comemore, sempre! Escrever um livro é uma vitória!

 

Bônus) Seja feliz. Você é demais!

Muitas pessoas sonham em escrever um livro. Poucas têm a disposição e persistência para concretizar esse sonho. Menos ainda tomam coragem para mostrar o resultado de seu trabalho para o mundo. Os obstáculos são muitos. Se você está fazendo isso tudo, considere-se um batalhador. Acredite em seus sonhos e continue seguindo em frente! O reconhecimento vem para aqueles que colocam sua alma e seu suor naquilo que amam.

Para finalizar, não escreva um livro só. Você já venceu a primeira batalha, agora precisa continua se esforçando, escrevendo, divulgando. E eu desejo muito sucesso nessa carreira que é louca, mas muito gratificante.

Beijos!
Karen Soarele