Diário de Escrita 16 – Mudanças ao longo do processo

Semana 16 do Diário de Escrita! Quem bateu a meta? Quem vai dobrar a meta? E qual será a desculpa esfarrapada de quem ficou devendo? A live acontece terça-feira, às 19:30. Participe mandando perguntas no chat ou crie sua própria meta de escrita!

O Diário de Escrita é transmitido ao vivo toda terça-feira, às 19:30, no canal da Karen Soarele.

 

Participe do Diário de Escrita!

Você também está escrevendo um livro? Anote aqui a sua meta da semana. Citamos na live os autores que conseguiram bater suas próprias metas. Será que a pressão ajudará você a terminar o seu romance?

Participe também fazendo perguntas pelo chat! As transmissões são ao vivo, sempre na terça-feira, a partir das 19:30, no canal da Karen Soarele.

 

Autores do Diário de Escrita

Vinicius Mendes já começou a escrever diversas vezes, mas nunca terminou. O que falta? Pressão. Ao longo dos anos de experiência como redator publicitário, descobriu que trabalha melhor sob pressão, e é por isso que está aqui no Diário de Escrita. O que veremos aqui: “Big Brother Primeiro Livro”. Se ele falhar em público, sofrerá nosso escárnio eterno. ResenhasFacebook

Wesnen Tellurian é autor de Volátil e a Guerra Mágica (Editora Arwen) e participou da antologia Os Animais Também Vão Para o Céu (Editora Sinna). Agora, trabalha em um sci-fi sobrenatural com vibe investigativa, o primeiro livro de uma série. Antologia | Facebook

Alex Godoi escreve dois livros ao mesmo tempo e bateu todas as metas do Diário de Escrita até agora. É autor de Os Lendários Heróis de Green Wood.
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Papo de Autor #13: Wattpad

 

Todo autor precisa conhecer o Wattpad. Especialmente para aqueles que ainda não possuem um público formado e estão prestes a se lançar no mercado, conhecer as ferramentas disponíveis é indispensável. Hoje vamos falar sobre publicação digital e suas vantagens. Dê o play e descubra o que faz um embaixador do Wattpad, quais prêmios você pode ganhar e como utilizar seu sucesso digital como base para uma carreira sólida no mercado literário.

 

Como publicar seu livro no Wattpad

Uma dúvida bem comum de quem está escrevendo um livro é como publicar depois! No Papo de Autor número 2 e no Papo de Autor número 5 já falamos sobre publicação tradicional, publicação paga, publicação independente e financiamento coletivo. Mas existem muitas outras formas de levar seu livro para o mundo! Hoje vamos falar sobre o Wattpad, uma plataforma totalmente digital, que permite publicação gratuita. É gratuito para publicar e é gratuito para ler. E a parte mais legal: rola muita interação entre escritor e leitores. E, uma vez que o seu trabalho se destaque por lá, portas podem se abrir. Mas como funciona o Wattpad? Como faço para publicar? Vale mesmo a pena? É esse o assunto de hoje, aqui no Papo de Autor.

Karen Soarele traz os convidados Aj Oliveira e Felipe Sali para um bate-papo sobre as vantagens do Wattpad e como se destacar na plataforma. Dê o play e escute o programa!

 

Citados nesse episódio:

  • Quais são as vantagens de se publicar pelo Wattpad
  • O que é necessário para se publicar no Wattpad
  • Canva: Aplicativo de artes gráficas para não-designers, tem a função “capa de Wattpad
  • Como a carreira dos convidados evoluiu a partir do Wattpad
  • Como divulgar a sua história

 

Dados do episódio

Duração: 01:11:18
Tema: Publicação no Wattpad
Editor: Fabio Morgado
Grupo no Facebook: Clique aqui e participe!

 

Participantes

Karen Soarele, autora de A Joia da Alma e da Série Crônicas de Myríade
Livros | SiteFacebook | YouTube | Wattpad

AJ Oliveira, autor de Asas, Pingentes e Imortais, vencedor do Wattys e podcaster de Os 12 Trabalhos do Escritor
WattpadPodcast Os 12 TrabalhosPodcast Desafio Ex Machina | FacebookTwitter

Felipe Sali, autor de Mais Leve que o Ar, originalmente publicado no Wattpad e recentemente republicado pela editora Lote 42; embaixador do Wattpad e autor de mais um monte de coisas!
WattpadLivro à vendaFacebook

 

Sobre o Papo de Autor

Gosta de escrever? Sonha em publicar um livro? Ou será que você quer descobrir como seu autor preferido criou aquela história incrível que mudou a sua vida? Se você é apaixonado por livros, seja como autor ou como leitor, está no lugar certo. No Papo de Autor, Karen Soarele e seus ilustres convidados falam sobre seu processo de escrita, contam suas experiências no mercado editorial e dão dicas para quem está começando. Acompanhe o podcast e embarque nessa aventura na busca pelos segredos e mistérios do processo criativo e de publicação!

Diário de Escrita 15 – Escolha de gênero, Wattpad e pré-CCXP

A saúde da Karen voltou! Enquanto ela se prepara para participar da CCXP 2018, nós chegamos à semana 15 do Diário de Escrita! Quem bateu a meta? Quem vai dobrar a meta? E qual será a desculpa esfarrapada de quem ficou devendo? A live acontece terça-feira, às 19:30. Participe mandando perguntas no chat ou crie sua própria meta de escrita!

O Diário de Escrita é transmitido ao vivo toda terça-feira, às 19:30, no canal da Karen Soarele.

 

Participe do Diário de Escrita!

Você também está escrevendo um livro? Anote aqui a sua meta da semana. Citamos na live os autores que conseguiram bater suas próprias metas. Será que a pressão ajudará você a terminar o seu romance?

Participe também fazendo perguntas pelo chat! As transmissões são ao vivo, sempre na terça-feira, a partir das 19:30, no canal da Karen Soarele.

 

Autores do Diário de Escrita

Karen Soarele é autora de A Joia da Alma (Jambô Editora) e das Crônicas de Myríade, série que já conta com quatro livros: Línguas de Fogo, Tempestade de Areia, A Rainha da Primavera e A Canção das Estrelas (Cubo Mágico). Agora, trabalha no seu próximo título de fantasia. Livros | E-books | Facebook

Vinicius Mendes já começou a escrever diversas vezes, mas nunca terminou. O que falta? Pressão. Ao longo dos anos de experiência como redator publicitário, descobriu que trabalha melhor sob pressão, e é por isso que está aqui no Diário de Escrita. O que veremos aqui: “Big Brother Primeiro Livro”. Se ele falhar em público, sofrerá nosso escárnio eterno. ResenhasFacebook

Henrique Zimmerer é autor de A Crônica de Eastar. Participa aqui com a gente do Diário de Escrita através da planilha e do chat desde o comecinho e encarou o desafio do NaNoWriMo esse ano. Como será que ele se saiu? Livro | Facebook

Diário de Escrita 14 – Como escrever dois gêneros diferentes ao mesmo tempo

Já imaginou escrever contos de fantasia ao mesmo tempo em que trabalha no seu TCC? Na live dessa semana, temos um convidado especial! Fernando Brauner vai contar os segredos secretos por trás da escrita simultânea de dois gêneros tão diferentes. A live acontece terça-feira, às 19:30. Acompanhe a transmissão e envie suas perguntas pelo chat! 😀

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Autores do Diário de Escrita

Karen Soarele é autora de A Joia da Alma (Jambô Editora) e das Crônicas de Myríade, série que já conta com quatro livros: Línguas de Fogo, Tempestade de Areia, A Rainha da Primavera e A Canção das Estrelas (Cubo Mágico). Agora, trabalha no seu próximo título de fantasia. Livros | E-books | Facebook

Vinicius Mendes já começou a escrever diversas vezes, mas nunca terminou. O que falta? Pressão. Ao longo dos anos de experiência como redator publicitário, descobriu que trabalha melhor sob pressão, e é por isso que está aqui no Diário de Escrita. O que veremos aqui: “Big Brother Primeiro Livro”. Se ele falhar em público, sofrerá nosso escárnio eterno. ResenhasFacebook

Wesnen Tellurian é autor de Volátil e a Guerra Mágica (Editora Arwen) e participou da antologia Os Animais Também Vão Para o Céu (Editora Sinna). Agora, trabalha em um sci-fi sobrenatural com vibe investigativa, o primeiro livro de uma série. Antologia | Facebook

Fernando Brauner é professor de artes e estudante de pós-graduação. Escreve contos de fantasia em seu blog ao mesmo tempo em que trabalha no TCC da pós! Como será que consegue? Ele vai nos contar seu processo criativo nessa live! Blog | Facebook

Diário de Escrita 13 – Escrita de séries e publicação do primeiro livro

Nessa live, falamos sobre:

  • Precisamos reler os livros anteriores para continuar a escrita de uma série
  • Como publicar seu primeiro livro
  • Mapas de mundos fantásticos

 

Diário de Escrita #13

Semana 13 do Diário de Escrita! Quem bateu a meta? Quem vai dobrar a meta? E qual será a desculpa esfarrapada de quem ficou devendo? A live acontece terça-feira, às 19:30. Participe mandando perguntas no chat ou crie sua própria meta de escrita!

O Diário de Escrita é transmitido ao vivo toda terça-feira, às 19:30, no canal da Karen Soarele.

 

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Participe também fazendo perguntas pelo chat! As transmissões são ao vivo, sempre na terça-feira, a partir das 19:30, no canal da Karen Soarele.

 

Autores do Diário de Escrita

Karen Soarele é autora de A Joia da Alma (Jambô Editora) e das Crônicas de Myríade, série que já conta com quatro livros: Línguas de Fogo, Tempestade de Areia, A Rainha da Primavera e A Canção das Estrelas (Cubo Mágico). Agora, trabalha no seu próximo título de fantasia. Livros | E-books | Facebook

Wesnen Tellurian é autor de Volátil e a Guerra Mágica (Editora Arwen) e participou da antologia Os Animais Também Vão Para o Céu (Editora Sinna). Agora, trabalha em um sci-fi sobrenatural com vibe investigativa, o primeiro livro de uma série. Antologia | Facebook

Sario Ferreira é é autor de O Despertar do Paladino e de A Essência Perdida. Hoje trabalha em seu novo projeto, sempre se esforçando para bater as metas de páginas estipuladas por ele mesmo.

Diário de Escrita 12 – Quantas palavras tem um romance

Nessa live, falamos sobre:

  • Bloqueio criativo
  • Quantas palavras precisa ter um romance
  • Como a Karen é incrível e escreveu muitas palavras nessa semana
  • Como o Vini é um bobão e não conseguiu bater a meta

 

Diário de Escrita #12

Semana 12 do Diário de Escrita! Quem bateu a meta? Quem vai dobrar a meta? E qual será a desculpa esfarrapada de quem ficou devendo? A live acontece terça-feira, às 19:30. Participe mandando perguntas no chat ou crie sua própria meta de escrita!

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Karen Soarele é autora de A Joia da Alma (Jambô Editora) e das Crônicas de Myríade, série que já conta com quatro livros: Línguas de Fogo, Tempestade de Areia, A Rainha da Primavera e A Canção das Estrelas (Cubo Mágico). Agora, trabalha no seu próximo título de fantasia. Livros | E-books | Facebook

Wesnen Tellurian é autor de Volátil e a Guerra Mágica (Editora Arwen) e participou da antologia Os Animais Também Vão Para o Céu (Editora Sinna). Agora, trabalha em um sci-fi sobrenatural com vibe investigativa, o primeiro livro de uma série. Antologia | Facebook

Vinicius Mendes já começou a escrever diversas vezes, mas nunca terminou. O que falta? Pressão. Ao longo dos anos de experiência como redator publicitário, descobriu que trabalha melhor sob pressão, e é por isso que está aqui no Diário de Escrita. O que veremos aqui: “Big Brother Primeiro Livro”. Se ele falhar em público, sofrerá nosso escárnio eterno. ResenhasFacebook

Diário de Escrita 11 – Como publicar um livro com níveis de poder em universo compartilhado :P

Nessa live, falamos sobre:

  • Como buscar uma editora para publicar seu primeiro livro
  • Como definir o nível de poder dos personagens
  • Qual é a diferença entre escrever em universo próprio ou trabalhar em um universo de fantasia compartilhado com outros autores
  • Quais adaptações de livros são boas e quais são ruins

Não necessariamente nessa ordem! 🙂

 

Diário de Escrita #11

Esse é o Diário de Escrita número 11. Isso significa que termina hoje a semana 10. Será que dá para entender a nossa matemática confusa? 😀 Pessoal, abram o(s) arquivo(s) de texto de vocês e anotem na coluna “milestone” quantas palavras escreveram até agora. Texto que tenha sido deletado durante qualquer revisão não conta. Vamos ver quantas palavras cada um realmente conseguiu produzir nessas dez semanas.

A propósito, PARABÉNS PARA TODO MUNDO!!!! Escrever por dez semanas não é para qualquer um! E, se você chegou agora, não se acanhe. Ainda terão muitas semanas pela frente. Anote sua meta da semana na nossa planilha e bora escrever!

O Diário de Escrita é transmitido ao vivo toda terça-feira, às 19:30, no canal da Karen Soarele.

 

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Autores do Diário de Escrita

Karen Soarele é autora de A Joia da Alma (Jambô Editora) e das Crônicas de Myríade, série que já conta com quatro livros: Línguas de Fogo, Tempestade de Areia, A Rainha da Primavera e A Canção das Estrelas (Cubo Mágico). Agora, trabalha no seu próximo título de fantasia. Livros | E-books | Facebook

Wesnen Tellurian é autor de Volátil e a Guerra Mágica (Editora Arwen) e participou da antologia Os Animais Também Vão Para o Céu (Editora Sinna). Agora, trabalha em um sci-fi sobrenatural com vibe investigativa, o primeiro livro de uma série. Antologia | Facebook

Vinicius Mendes já começou a escrever diversas vezes, mas nunca terminou. O que falta? Pressão. Ao longo dos anos de experiência como redator publicitário, descobriu que trabalha melhor sob pressão, e é por isso que está aqui no Diário de Escrita. O que veremos aqui: “Big Brother Primeiro Livro”. Se ele falhar em público, sofrerá nosso escárnio eterno. ResenhasFacebook

Crise no mercado editorial

Entenda porque a crise das livrarias é ruim para todos

O mercado editorial está em crise e há quem tripudie em cima de falências e demissões.

“Crise editorial” é o nome bonito do desastre pelo qual está passando a cadeia produtiva do livro no Brasil. Redes de livrarias estão fechando unidades, editoras sofrem calotes e se veem obrigadas a diminuir o efetivo, novas publicações são adiadas e assim a engrenagem do mercado vai perdendo o ritmo, o que contribui para mais desemprego no país. Quem está desempregado tem que se ater a gastos essenciais, deixa de comprar livros… e temos um ciclo vicioso em que todos saem perdendo.

De quem é a culpa? Há quem responsabilize as próprias livrarias por seu fracasso. Há quem vá além e diga “bem feito, tem que fechar mesmo” e defenda que as lojas virtuais se tornem o único canal de vendas de livros. Essa opinião hostil é uma resposta às práticas de marketing abusivas que as grandes redes têm sujeitado o mercado. Sim, elas têm culpa. Porém, tripudiar em cima de falências e demissões não vai resolver o problema. Pelo contrário, a diminuição de pontos de venda de livros marca um retrocesso na disseminação de cultura no país. Quem sentirá as dores dessa perda? Apenas aqueles que compreendem a importância da literatura para um povo. Os demais estarão alienados demais para se darem conta da escassez do nosso bem cultural mais precioso.

 

Quais livrarias estão falindo?

Vamos recapitular os últimos acontecimentos.

Em julho do ano passado, a Fnac desistiu de operar no Brasil e foi vendida para a Livraria Cultura. Porém, “vendida” é apenas força de expressão. Quem compra algo geralmente paga pelo bem. Nessa transação foi o inverso: a Fnac foi quem pagou R$ 150 milhões para a Cultura ficar com suas lojas. Dessa forma, conseguiu se livrar da dor de cabeça que é lidar com a burocracia da falência e pagar encargos sociais aos funcionários demitidos. Hoje, não resta nenhuma das 12 lojas da Fnac que estavam espalhadas pelo país. Todas elas foram fechadas.

Já naquela época, tanto a Fnac quanto a Livraria Cultura estavam endividadas, e o mesmo vale para a Saraiva. Juntas, as três redes detinham 41% do mercado de livros e todas elas passaram a atrasar o pagamento a seus fornecedores. Vendiam os livros, recebiam do consumidor, mas não repassavam a parte que cabia às editoras. Quando repassavam, era com atraso de mais de três meses e de forma parcelada. Sem receber, as editoras se viram obrigadas a adiar lançamentos e até diminuir o quadro de funcionários.

 

Fnac
Fnac pagou R$ 150 milhões para que a Livraria Cultura ficasse com suas lojas.

 

Depois de um ano aplicando calotes, na semana passada a Livraria Cultura entrou com pedido de recuperação judicial. Em outras palavras, a empresa já estava sendo acionada judicialmente por seus credores, que incluem fornecedores e bancos. Com a recuperação judicial, ela se isenta de pagar as dívidas por 60 dias, período em que terá que apresentar um plano de recuperação. O caso dos bancos é bastante especial, pois os valores das compras feitas com cartões de crédito e débito vinham sendo retidos pelas instituições financeiras como forma de pagamento, e a partir de agora isso está proibido. A Livraria Cultura, que não é boba nem nada, fez o pedido de recuperação judicial a exatos 60 dias do Natal, quando ocorre o maior volume de vendas do ano.

O colapso da Livraria Cultura não veio sozinho. Em março deste ano foi decretada a falência da LaSelva, livraria que chegou a contar com 83 lojas espalhadas pelos aeroportos do país e cuja recuperação judicial, solicitada em 2013, fracassou. No mês seguinte, foi a vez da BookPartners, maior distribuidora de livros técnicos do país, entrar com pedido de recuperação judicial, uma consequência direta da diminuição de compras governamentais que vem ocorrendo desde 2014. Do lado das editoras, tivemos o encerramento das atividades da Cosac Naify, e demissões em massa na Abril e na Ediouro, só para citar algumas.

Ontem foi o Dia Nacional do Livro, mas a comemoração foi eclipsada por mais uma notícia ruim. Seguindo a série de tragédias, a Saraiva anunciou o fechamento de nada menos do que 20 lojas. O comunicado oficial evita falar sobre os funcionários que serão demitidos e informa que a companhia irá focar seus esforços em estratégias de venda online. Há quem não veja problema nisso. Convido essas pessoas a refletirem melhor sobre o assunto.

 

Por que tem gente comemorando?

Me custa aceitar que se comemore a falência destas livrarias, dizendo “bem feito”. Porém, a revolta de quem diz isso é, até certo ponto, compreensível.

Para quem não está familiarizado com o mercado editorial, explico como é dividido o valor da venda do livro. A partir do preço de capa (o valor que o leitor paga quando compra o livro na livraria), a divisão mais comum entre os envolvidos é: 40% para a livraria, 20% para a distribuidora, 10% para o autor e 30% para a editora. Lembrando que esta última já teve que arcar com os custos de impressão e transporte, além do pagamento de artistas, revisores, diagramadores e demais profissionais envolvidos na edição da obra.

Acontece que as grandes redes têm maior poder de barganha. Como possuem muitas lojas e uma fatia considerável do mercado, elas impões duras condições às editoras, incluindo uma margem maior de desconto (a porcentagem que fica para a livraria) e prazos de pagamento a perder de vista. Hoje os contratos da Cultura estão batendo os 65%. Quer aparecer na vitrine? Cobrança extra. Quem não aceita fica de fora do ponto de venda. Pior do que isso, muitas das livrarias não compram, efetivamente, antes de revender. Elas trabalham no modelo de consignação. Funciona assim: a editora envia o livro (pagando os custos de transporte), que fica exposto para o leitor nas prateleiras. Se não for vendido, o livro é devolvido. Por outro lado, caso ocorra a venda, a livraria paga a editora. Contudo, como já foi dito, este pagamento tem atrasado. Como consequência, editoras demitem funcionários e autores ficam sem receber. Essa crueldade exercida pelas redes de livrarias contra as editoras é o motivo número um de revolta de quem acompanha de perto o mercado.

 

Livraria Cultura
Livraria Cultura e demais redes têm atrasado o pagamento às editoras.

 

O segundo motivo é preço. Hoje em dia, os leitores dispõem de um canal de vendas revolucionário: a internet. São inegáveis os benefícios que as lojas online trouxeram em termos de facilidade de acesso a títulos diversificados. Ao mesmo tempo, os leitores têm facilidade em comparar preços e buscar as melhores ofertas. O que os deixa revoltados é a diferença de preço entre a lojas físicas e as virtuais. Ora, uma livraria online não precisa de espaço físico bem localizado, decorado e climatizado. Não precisa de atendentes simpáticos, que saibam indicar bons livros. Não precisam pulverizar o estoque entre as diversas unidades, podem manter tudo reunido em um único galpão. Com custos operacionais reduzidos, elas têm capacidade de oferecer preços menores. A ideia é muito boa. Funciona. Todo mundo gosta de livro barato. O problema é quando o barateamento começa a ser usado como estratégia para desestruturar o mercado. É aí que chegamos na Amazon.

 

Como a Amazon atua no mercado de livros do Brasil?

A Amazon chegou ao Brasil em 2014 e gerou grande rebuliço no mercado. Conhecida por praticar concorrência desleal no mundo inteiro, a multinacional tirou o sono dos micro, pequenos e médios empresários. Por outro lado, trouxe inovação para o mercado. A Amazon iniciou os trabalhos de forma muito interessante, trazendo para o país seu sistema de publicação de e-books, o Kindle Direct Publishing. Com uma plataforma inovadora de distribuição, acessível a qualquer criador de conteúdo, o KDP facilitou o ingresso de autores independentes no mercado editorial e virou o xodó de blogueiros literários e demais incentivadores da literatura nacional. Em contrapartida, os próprios autores e leitores divulgam o serviço de venda de e-books e ajudam a criar um ambiente com mais opções de leitura. Porém, ao mesmo tempo em que trouxe ferramentas que fomentam a produção literária, a Amazon também chegou preparada para prejudicar o mercado propositalmente.

Muita gente torce o nariz para a falência das livrarias físicas, dizendo que a Amazon tem preços melhores. Sim, ela tem mesmo. Isso porque, sendo uma corporação multinacional, ela dispõe de muito dinheiro para torrar. A Amazon tem praticado aqui no Brasil uma estratégia de preço predatório. Em outras palavras, vende produtos por valor inferior ao preço de custo. Digamos que o preço de capa indicado para o livro de uma editora de médio porte seja R$ 40 e a Amazon compre esse livro com 50% de desconto, ou seja, ela paga R$ 20 por exemplar. Em vez de colocar à venda em seu site pelos R$ 40 recomendados, ela coloca por R$ 15. A cada livro vendido, perde R$ 5. Parece estranho? Não para uma gigante como a Amazon, que tem cacife para bancar práticas agressivas de mercado com visão a longuíssimo prazo. Com os preços tão baixos, é lá que os leitores comprarão. As demais empresas estão tentando competir por preço, abaixam os valores o máximo possível, mas não têm condições de concorrer nessa escala por muito tempo e acabam tendo que fechar as portas. Uma vez eliminados os rivais, a multinacional atinge o monopólio de mercado, que lhe permite estipular os preços como bem entender. Isso já aconteceu em escala menor, com os autores independentes. No início das operações, estes autores tinham a vantagem de poder definir o preço de seus próprios livros na Amazon KDP. Entretanto, com a criação do KDP Select e as exigências de exclusividade de títulos, hoje quem define quanto paga aos autores independentes é a própria Amazon. O próximo passo é fazer isso com as editoras.

Nos países da Europa já existem políticas para impedir o monopólio no mercado de livros, mas aqui no Brasil as coisas andam mais devagar. Além disso, não podemos esquecer que a Amazon, sendo uma grande empresa, se beneficia de incentivos fiscais oferecidos pelo governo, enquanto livrarias menores precisam lidar com a carga tributária brasileira em todo seu esplendor. Para os desavisados, livro é imune de tributação de ICMS, e só. O restante da tributação em cascata ainda se aplica.

Por enquanto, os consumidores se beneficiam da baixa artificial nos preços. Contudo, a Amazon não irá operar no prejuízo para sempre. Uma vez canibalizado o mercado, quem sofrerá são os próprios leitores. E a mudança não ocorrerá apenas nos preços, mas também na oferta de títulos. Lá fora, a Amazon já estipula quais títulos vender e quais boicotar. É esse o futuro que desponta no horizonte brasileiro.

 

Por que precisamos de livrarias físicas?

O e-commerce é uma tendência mundial que revolucionou os hábitos de compra em todos os setores do varejo, inclusive o de livros. Há quem minimize o problema da falta de livrarias físicas, alegando que elas estão sendo muito bem substituídas pelas digitais. Porém, em um país onde um terço da população não tem acesso à internet, dizer isso é um ato de egoísmo. Precisamos de mais livrarias. Precisamos levar mais livros a todos os cantos do país. Precisamos de prateleiras, que todo brasileiro possa folhear páginas, sentir o cheiro dos livros e se apaixonar por eles. Como fazemos isso? Dando aos leitores o máximo possível de opções de acesso à leitura.

A pesquisa mais completa que temos a respeito do hábito de leitura dos brasileiros é a Retratos da Leitura no Brasil, promovida pelo Institudo Pró-livro. Ela nos traz informações extremamente relevantes. Destaco aqui algumas:

  • Apenas 1 em cada 4 brasileiros domina plenamente as habilidades de leitura, escrita e matemática.
  • 44% dos brasileiros não abriram um livro nos últimos 3 meses.
  • 28% disseram que não gostam de ler.
  • Pessoas que cresceram vendo seus pais lerem tendem a ler mais.
  • Recomendações de pessoas conhecidas é um fator determinante na escolha de um livro. Das pessoas que já compraram livros, 20% recebeu recomendações de amigos ou familiares, 12% de professores e apenas 3% de sites especializados, blogs e redes sociais.

Ou seja, o brasileiro ainda lê pouco. A boa notícia é que o hábito de leitura se dissemina de forma social, o que significa que é possível cada um fazer sua parte, criando um ambiente propício e incentivando o hábito de leitura nos nossos círculos de amizade.

 

Retratos da Leitura no Brasil
Retratos da Leitura no Brasil é a mais completa pesquisa de hábitos de leitura do país. Foi realizada pelo Instituto Pró-Livro e executada pelo Ibope Inteligência.

 

Agora, aqui vão algumas informações sobre o local de contato dos leitores com os livros:

  • 44% dos leitores compram livros em livrarias físicas.
  • 19% compram em bancas de jornal.
  • 15% compram pela internet.

Hoje em dia, há um grande movimento de valorização dos livros nas redes sociais. Blogueiros, autores e leitores se reúnem para trocar experiências, compartilhar recomendações e falar sobre a paixão pelos livros. São pessoas de diferentes estados do país que se congregam em grupos de Facebook e do WhatsApp, ou até mesmo ao redor de canais do YouTube, unidos por um interesse em comum. Altamente conectados com os meios digitais, essa parcela jovem da população opta cada vez mais por comprar pela internet. Contudo, é preciso se atentar à população brasileira como um todo. Quando uma pessoa prefere comprar pela internet e possui cinco amigos que fazem o mesmo, cria-se a ilusão de que todas as pessoas do mundo seguem esse mesmo hábito de consumo. Errado. Por mais que as compras online estejam crescendo, elas ainda estão longe de ultrapassar a preferência por lojas físicas.

Lembrando que o Brasil ainda tem 4,5 milhões de excluídos digitais (pessoas sem acesso a internet e celular), 11,8 milhões de analfabetos (pessoas que não sabem escrever nem o próprio nome) e 38 milhões de analfabetos funcionais (pessoas que sabem decodificar as palavras, mas não entendem o que estão lendo). Tanto o acesso à tecnologia quanto à cultura precisam ser disseminados no país. E aqui vai a verdade do século: as pessoas precisam aprender a ler ANTES de dominar o uso da internet.

A simples existência de livrarias físicas não irá solucionar os problemas do Brasil, ainda mais considerando que o analfabetismo afeta com mais força as camadas carentes da população, que não teriam condições de comprar livros de qualquer maneira. Porém, a extinção destas livrarias deixa o acesso aos livros ainda mais restrito, principalmente para quem já está à margem do mercado. Dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 1.527 contam com livrarias. Muitos precisam se deslocar até outras cidades. Este número deveria estar aumentando, e não diminuindo. É um retrocesso gigantesco, que vai contra todos os esforços em se criar uma cultura de leitores no país.

 

E-reader Kindle
Kindle, o e-reader da Amazon

 

Há ainda quem defenda que a venda em livrarias físicas está diminuindo por causa da popularização dos e-books. Eu sou uma das militantes favoráveis ao livro digital. Porém, isso não diminui a importância dos livros físicos. Mais uma vez entram as estatísticas do nosso país:

  • 59% dos brasileiros nunca ouviram falar de livros digitais, os chamados e-books.
  • Dentre os 41% que já ouviram falar, apenas 26% já abriu um e-book para ler. Isso dá 10% da população.

É preciso parar de se repetir o discurso pronto que decreta o fim da era dos livros físicos. Quer uma prova de que livrarias físicas e seus livros de papel são economicamente viáveis? É só olhar para a própria Amazon, que já começou a abrir lojas nos Estados Unidos — depois de extinguir a concorrência, é claro.

Resumindo, quem trata a falência das livrarias como um assunto irrelevante está pensando apenas em seus próprios hábitos de consumo, sem considerar a importância da formação de novos leitores e do acesso universal à leitura.

 

Mas o livro é caro no Brasil…

Vamos encerrar falando sobre um assunto espinhoso.

Infelizmente, a compra de livros ainda não é acessível para todos os brasileiros. Pessoas em situação de pobreza não têm como pagar R$ 40 em um livro. O mesmo vale para os desempregados. A crise que toma conta do país colocou muita gente na rua e, quando o dinheiro está curto, o primeiro item a ser descartado na lista de prioridades é a cultura. Porém, tem uma verdade que precisa ser dita:

Livro não é caro no Brasil.

Vamos fazer uma comparação bem simples. Passeando pelas ruas de qualquer capital brasileira, é possível perceber que as hamburguerias gourmet estão sempre lotadas. Consumidores pagam R$ 50 em um hambúrguer sem reclamar. Quatro pessoas na mesa e o valor vai a R$ 200, sem contar o refrigerante e a gorjeta do garçom. Agora, um livro de R$ 50 é algo que pode ser compartilhado, daria pouco mais de dez reais para cada um. Acontece que, quando o assunto é livro, muita gente abre a boca para dizer que é caro antes mesmo de ouvir o preço.

Dizem por aí que os livros deveriam ser gratuitos. O mundo seria um lugar maravilhoso, não é mesmo? Contudo, isso é uma utopia. Acontece que a produção dos livros que temos nas prateleiras apenas é possível porque existem inúmeros profissionais trabalhando nos bastidores de qualquer publicação, e essas pessoas precisam ser pagas. Isso sem contar os gastos com insumos e logística. É impossível manter as engrenagens do mercado funcionando se não houver rendimento. Se o governo alimenta livrarias públicas e escolas com livros gratuitos para a população, é porque todos nós pagamos impostos que tornam isso possível. Quem quiser se beneficiar dessa política de inclusão é bem-vindo a visitar a biblioteca pública mais próxima.

Enfim, o problema dos livros não é o preço. O problema é que muita gente tem dificuldade em enxergar o privilégio que é poder pegar um livro nas mãos (seja ele físico ou digital), assimilar a leitura e ter acesso a novo conhecimento. Consideram que seu dinheiro será melhor empregado em um hambúrguer gourmet, uma noite de balada, uma nova tatuagem ou uma camiseta da moda. E é justamente essa cultura que precisamos mudar.

 

Resumindo:

O que aos poucos vem matando o mercado de livros não é uma simples mudança de hábitos do consumidor. A cada dia temos menos livrarias por causa de uma conjunção de fatores: Em primeiro lugar, o mercado já sofria com práticas abusivas exercidas pelas grandes redes. Para complicar, as práticas de concorrência desleal da Amazon estão sangrando livrarias e editoras. Tudo isso em um país onde a leitura nunca foi prioridade e que agora ainda por cima está em crise.

Como combatemos a falta de leitura no Brasil? Lendo. Comprando livros. Recomendando livros. Dando o exemplo.

Por isso, assim como fiz na minha publicação no facebook que deu origem a este texto (a publicação está no topo dessa página), torno a convocar todos os leitores: Vamos comprar livros! De qualquer autor, pode ser consagrado ou independente. De qualquer editora, pois todas elas estão sofrendo com os calotes das livrarias. De qualquer livraria, grandes ou pequenas — diga-se de passagem que o número de livrarias de bairro que precisaram fechar as portas é ainda maior, só não aparece nas manchetes de jornais porque são empresas pequenas, familiares. Vale tudo, inclusive comprar direto com o autor ou editora. O que não podemos é deixar o mercado de livros definhar.

Se você está desempregado, entenda que não estou encorajando ninguém a deixar de fazer a compra do mês para comprar livros. Contudo, precisamos ter em mente que a literatura não é apenas diversão. Ela é a mais poderosa arma que um povo pode ter.

Livros não são supérfluo.

 

Sobre a autora

Karen Soarele é escritora e comunicóloga. Atua como marketing lead em uma empresa canadense de tecnologia e como gerente de comunicação em uma editora porto-alegrense. Seu livro mais recente é A Deusa no Labirinto. Saiba mais aqui.

Diário de Escrita 10 – NaNoWriMo

Vai participar do NaNoWriMo? Para quem não sabe, esse é o “National Novel Writing Month” e o desafio é escrever um romance de 50 mil palavras em apenas 30 dias! Preparado? Dê o play no Diário de Escrita número 10, para saber mais sobre esse evento mundial.

Quem bateu a meta? Quem vai dobrar a meta? E qual será a desculpa esfarrapada de quem ficou devendo? A live acontece hoje, às 19:30. Participe mandando perguntas no chat ou crie sua própria meta de escrita!

O Diário de Escrita é transmitido ao vivo toda terça-feira, às 19:30, no canal da Karen Soarele.

 

Participe do Diário de Escrita!

Você também está escrevendo um livro? Anote aqui a sua meta da semana. Citamos na live os autores que conseguiram bater suas próprias metas. Será que a pressão ajudará você a terminar o seu romance?

Participe também fazendo perguntas pelo chat! As transmissões são ao vivo, sempre na terça-feira, a partir das 19:30, no canal da Karen Soarele.

 

Autores do Diário de Escrita

Vinicius Mendes já começou a escrever diversas vezes, mas nunca terminou. O que falta? Pressão. Ao longo dos anos de experiência como redator publicitário, descobriu que trabalha melhor sob pressão, e é por isso que está aqui no Diário de Escrita. O que veremos aqui: “Big Brother Primeiro Livro”. Se ele falhar em público, sofrerá nosso escárnio eterno. ResenhasFacebook

Wesnen Tellurian é autor de Volátil e a Guerra Mágica (Editora Arwen) e participou da antologia Os Animais Também Vão Para o Céu (Editora Sinna). Agora, trabalha em um sci-fi sobrenatural com vibe investigativa, o primeiro livro de uma série. Antologia | Facebook

Alex Godoi escreve dois livros ao mesmo tempo e bateu todas as metas do Diário de Escrita até agora. É autor de Os Lendários Heróis de Green Wood.
LivrosFacebook

 

O Labirinto de Tapista

Criação de livros-jogos, com Lucas Borne

Nos livros-jogos, o herói da história é você! Com uma mecânica ao bom e velho estilo “Você Decide”, o leitor é quem escolhe o caminho a traçar, e assim vive sua própria aventura. Quer entrar pela porta à direita? Vá para a página 315. Ou prefere seguir reto pelo corredor? Nesse caso, vá então para a página 106. E é com imenso prazer que hoje eu trago para vocês uma entrevista com Lucas Borne, autor de O Labirinto de Tapista, mais novo livro-jogo ambientado no mundo de Tormenta RPG e publicado pela Jambô Editora.

 

Lucas Borne, autor de O Labirinto de TapistaLucas Borne

Ser alfabetizado na Espanha não impediu Lucas Borne de se dedicar à escrita no Brasil. Muito pelo contrário, a infância em Barcelona serviu como inspiração para o que viria a escrever depois de retornar a Porto Alegre. Seu forte é o RPG. É autor dos seguintes manuais de Tormenta RPG: Manual do Arcano, Manual do Combate, Manual do Devoto, Manual do Malandro e do Bestiário de Arton Vol.2, além de ter contos publicados nas antologias Escândalos reinventados e Crônicas da Tormenta Vol. 2. Seu mais novo lançamento é O Labirinto de Tapista, um livro-jogo ambientado também no cenário de Tormenta.

Além de autor, Lucas atua como engenheiro eletricista, tendo se formado na UFRGS em 2011. Nas horas vagas, dedica-se a seus inúmeros hobbies: jogos de computador, miniaturas, literatura, cinema, Magic: The Gathering e, é claro, RPG.

Redes sociais: Facebook

 

Entrevista

Manual do Arcano, suplemento para Tormenta RPG, escrito por Lucas Borne e Leonel Caldela, publicado pela Jambô Editora.
Manual do Arcano, suplemento para Tormenta RPG escrito por Lucas Borne e Leonel Caldela, publicado pela Jambô Editora.

Lucas, é um prazer enorme ter você aqui no Papo de Autor! No Brasil, um país com 200 milhões de habitantes, são pouquíssimas as pessoas efetivamente trabalhando com RPG. Você é uma delas! Como iniciou na carreira? O que mudou de lá para cá? Conte um pouquinho da sua história.

É, realmente são poucas, especialmente quando comparado com os EUA. Mas acredito que o hobby (e a quantidade de pessoas que trabalham com ele) esteja crescendo. Stranger Things foi um marco na aceitação do RPG (D&D especificamente) como mainstream, já que os personagens aparecem jogando no seriado. Eu até mesmo diria que está “na moda”. A “onda nerd/geek” chegou faz anos e todos querem surfar nela.

A minha carreira como autor iniciou com o Manual do Arcano em 2012, escrito em 2011. Mas espiritualmente começou muito antes, na minha “era de ouro” de jogos de RPG. Entre 2000 e 2010 eu joguei muito RPG e também mestrei bastante. Eu sempre inventava regras e algumas mecânicas novas, mas houve um momento em que decidi “quebrar” o D&D 3.5 e fazer algo como uma criação de personagem livre, que o jogador pudesse escolher qualquer coisa de qualquer classe, desde que tivesse os pré-requisitos. Usei esse sistema por um bom tempo e vi que funcionava. Agora nesse ponto da história entra o fator sorte, ou destino, como alguns gostam de chamar.

Eu comecei a jogar com o pessoal da Jambô nos meados de 2000. No início, a Jambô era uma loja, e não uma editora. Nosso grupo era (e ainda é) composto por Guilherme Dei Svaldi, Leonel Caldela, Rafael, Márcio, André, entre outros. Nesse período da “era de ouro” eu via os lançamentos de RPG da Jambô ao mesmo tempo que íamos jogando, e pude acompanhar de perto o crescimento da editora. Quando eles assinaram com a licença de Tormenta, confesso que não dei muita bola, pois eu nunca tinha jogado e não havia lido quase nada. Mas com o tempo vi o Leonel Caldela escrevendo os romances de Tormenta e o Guilherme editando os livros, e comecei a simpatizar. Então me dei conta que eu tinha muito material pronto das minhas campanhas, e um belo dia conversei com o Guilherme e me propus a escrever um livro sobre classes, como havia em várias versões de D&D. Assim nasceu a série dos manuais: eu pedi para fazer, e fiz. É claro que foram anos de experiência para me levar a esse estágio de maturidade e confiança (jogo desde 1995), e tanto a editora quanto eu, como autor, evoluímos nesse período.

O que mudou principalmente foi que o mercado hoje em dia tem mais opções, tanto em qualidade quanto em quantidade. A própria linha de Tormenta diversificou bastante. E novidades como crowdfunding, streaming, influencers… não era assim em 2010.

 

O Labirinto de Tapista livro-jogo ambientado no mundo de Tormenta, escrito por Lucas Borne e publicado pela Jambô Editora.
O Labirinto de Tapista livro-jogo ambientado no mundo de Tormenta, escrito por Lucas Borne e publicado pela Jambô Editora.

E temos livro novo! Depois de publicar cinco manuais de Tormenta RPG e dois contos em coletâneas, você surge com O Labirinto de Tapista, que é um livro-jogo. Foi muito diferente escrever nesse novo gênero? Qual foi o aspecto que você mais gostou de desenvolver no livro?

Foi bastante diferente, sim. Foi o primeiro livro em que eu fiz tudo: conceito, estrutura, escrita. E haja escrita! Foram quase dois anos escrevendo, reescrevendo e finalizando. Além do volume de trabalho, a maior diferença foi ter que decidir tudo sozinho, enquanto antes eu estava acostumado a fazer tudo em dupla ou trio. Quanto ao gênero, eu não senti tanta diferença pois sempre fui o encarregado de criar os conceitos e as regras dos manuais, então esta parte foi tranquila.

O que eu mais gostei foi a parte da criação, bolar como iam ser os caminhos, os enigmas, os personagens, os desenhos (eu fiz todos os esboços)… essa foi a parte que mais gostei.

 

Tormenta é um cenário de fantasia conhecido por levantar certas questões polêmicas, que servem tanto como ganchos de aventura quanto como assuntos para reflexão. E você escolheu justo uma dessas questões como ponto de partida para o livro: a escravidão em Tapista. Qual foi o objetivo ao colocar o leitor-jogador na pele de um protagonista escravo?

No caso do Labirinto, o que me veio à mente primeiro foi o cenário: um labirinto gigante, no modelo dos livros-jogos clássicos. Os elementos iam surgindo e eu ia montando a ambientação. A idéia de protagonista escravo veio como consequência da localização, e serviu de pretexto. Também achei que a motivação de receber a liberdade seria tão forte quanto qualquer outro troféu de uma jornada heróica.

Não foi minha pretensão tratar do aspecto social da escravidão. Acho que o tema é mais apropriado para um romance do que um livro-jogo.

 

Como você começou a jogar RPG? As aventuras vividas na sua mesa de jogo serviram de inspiração para as diversas possibilidades em O Labirinto de Tapista

O primeiro objeto relacionado a RPG que vi foi uma ficha de GURPS. Pertencia ao meu irmão mais velho, que havia começado a jogar com os amigos dele. Como eu era mais novo, fiquei de fora e só na curiosidade. Por sorte, logo encontrei os livros-jogos da Fighting Fantasy, lá por 1994 ou 95 (na época eram publicados pela Editora Marques Saraiva). Eu jogava todos que conseguia encontrar, comprar ou pegar emprestado. Uma das coisas que mais me cativou foi a arte desses livros, são simplesmente fantásticas. Depois eu e um amigo encontramos o livro RPG – Aventuras Fantásticas, de Steve Jackson,  depois outros dois livros desta linha que introduziram um sistema e cenário de Allansia: Dungeoneer e Blacksand! Começamos a jogar com esse sistema e depois acabamos migrando para AD&D 2ª edição. Eu sempre ia buscando novos amigos para jogar, e durante anos joguei outras edições de AD&D (3ª, 3.5, 4ª e 5ª), Vampiro: a Máscara (2ª e 3ª edições) e vários outros. Confesso que nessa época eu parei completamente de jogar livros-jogos, com poucas exceções. Só voltei quando o Guilherme Dei Svaldi lançou o Ataque a Khalifor.

Com toda certeza jogar RPG de mesa contribuiu como inspiração, e as campanhas que eu mestrei contribuíram para me sentir seguro no aspecto de preparação de aventuras e construção de mundo.

 

Crônicas da Tormenta vol.2, antologia organizada por J. M. Trevisan, contendo o conto O Coração de Arton, de Lucas Borne.
Crônicas da Tormenta vol.2, antologia organizada por J. M. Trevisan, contendo o conto O Coração de Arton, de Lucas Borne.

Além de escrever, você trabalha como engenheiro, é faixa preta de Taekwondo e tem uma bela lista de hobbies, que inclui fazer maquetes e pintar miniaturas. Até que ponto esses interesses diversos contribuem para o seu repertório como escritor?

Acho que todas as experiências pessoais acrescentam algo ao seu texto, principalmente se pudermos traçar paralelos. E também ajudam a criar uma empatia ou maior conhecimento do assunto. Praticar artes marciais pode ser associado com qualquer exercício físico que exija mais esforço; artesanato pode ser associado com qualquer tipo de trabalho manual; jogos de mesa com algum desafio mental ou competição, e assim por diante.

 

Entre 2016 e 2017, você participou de uma série de cursos de escrita criativa ministrados pelo Prof. Pedro Gonzaga. Qual foi o aprendizado mais útil que conquistou ao longo desses dois anos? Quais tipos de cursos você recomenda às pessoas que desejam trabalhar com a escrita?

Acredito que conviver com outros escritores/leitores e poder ouvir as críticas de primeira mão foi a melhor lição. E por ser um grupo variado, também pude identificar vários tipos de perfis de leitores, e com isso já antecipar algumas reações. Eu recomendo oficinas de escrita criativa, junto com livros sobre escrita. Dependendo da cidade, há muitas opções, e é possível encontrar professores com diferentes metodologias. Uma delas têm que servir!

 

Qual é o seu principal ponto forte como autor?

Acho pretensioso dizer que sou bom nisso ou naquilo. Principalmente por que um leitor pode encontrar valor em um aspecto do texto, enquanto outro leitor gosta mais de outro aspecto. Mas sendo mais direto, acho que entre a idéia e execução, acho que minhas idéias são melhores que os textos. Ou menos pior, modestamente falando.

 

Bestiário de Arton volume 2, suplemento de Tormenta RPG escrito por Lucas Borne, Gustavo Brauner e Leonel Caldela.
Bestiário de Arton volume 2, suplemento de Tormenta RPG escrito por Lucas Borne, Gustavo Brauner e Leonel Caldela.

Qual foi a maior dificuldade que você encontrou ao longo da carreira?

Com certeza é conciliar a carreira profissional (de engenheiro) com a de escritor. Não há tempo suficiente para as duas, e sempre que trabalho em uma sinto que devia estar trabalhando com a outra.

 

Se pudesse voltar no tempo e dar um conselho para você mesmo antes de lançar seu primeiro livro, qual conselho daria?

Pergunta difícil! Tudo o que fiz no passado foi fundamental para a minha personalidade atual. Eu sinto que se tivesse feito alguma coisa diferente, teria deixado de fazer outra que também era importante.

Acho que o meu “eu” mais jovem não estaria pronto para começar a escrever, então eu deveria me aconselhar a começar um curso de escrita. Mesmo se eu não fosse capaz de absorver os ensinamentos certos, pelo menos eu iria conhecer bastante gente legal!

 

Para encerrar…

Você encontra o Lucas Borne no Facebook e seus livros estão disponíveis no site da Jambô Editora. Inclusive, eu já gravei uma vídeo-resenha do Labirinto de Tapista. Conheça o trabalho dele e prestigie nossa literatura nacional!

Cada escritor tem uma vivência única, e é justamente isso que torna o diálogo tão especial. Lucas, obrigada por compartilhar as suas experiências com os leitores do Papo de Autor!

Abração para todo mundo, e até a próxima entrevista! 😀