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Papo de Autor Entrevista: Duda Vila Nova

Fale um pouco sobre você. De onde você é? Qual é a sua formação? Qual gênero
escreve?
Como meu nome é grande demais pra um rapaz tão nanico, sempre me chamam por Duda.
Baiano do sertão, nascido em Feira de Santana, criado em Santaluz e sempre viajando pros lados de Ipirá e Alagoinhas, onde hoje moro com minha espoa e filho. Quando eu finalmente terminei minha graduação em Educação Física, em 2008, eu já fazia parte do quadro de servidores concursados do Tribunal de Justiça da Bahia, então minha atuação na área – de Educação Física – sempre foi “tangencial”, como professor de Danças de Salão e instrutor de
Karate Shotokan.

Com o quengo eivado de certa obsessão por conceitos e definições, fiz especialização em Filosofia Contemporânea (término em 2012). Na mesma época eu ingressei na faculdade de Letras com habilitação em espanhol, mas larguei no 4o semestre por motivos de ordem pessoal (casamento, mudanças no trabalho, mudança de cidade, etc). Virou um daqueles “plano pra um futuro” que às vezes a gente lembra com uma gota de suor no canto do olho.
Eu gosto de ler e escrever acho que desde que eu aprendi. Não tenho um estilo ou gênero predileto para leitura – eu gosto de tudo um muito – e apesar de ter uma certa predileção em escrever sobre as coisas que eu vejo e vivo, eu estou aos poucos me apaixonando pela escrita fantástica.
Como você desenvolveu o amor pela literatura?
Herdei o amor pelos livros de minha mãe. Ela sempre garantiu que eu e meu irmão estivéssemos sempre com um livro ao nosso alcance, desde os vários livros da coleção vagalume, passando por aqueles livrinhos amarelos ilustrados de Monteiro Lobato e a coleção “proibida” de Agatha Christie que guardava num armário separado – e eu lia escondido com todo cuidado. Quando eu não estava de badogue na mão correndo solto pela cidadezinha (que de tão pequena que um jegue deitado ficava com o rabo do lado de fora), em casa eu era uma ilha humana, cercado de livros por todos os lados. Criado na infância, o hábito de ler me acompanhou pela adolescência e vida adulta. Claro… no meio do caminho entre infância e idade adulta, teve RPG, clubes de leitura, grupos de filosofia, movimento estudantil, um Avô apaixonado por Jorge Amado, um Tio historiador de quem “peguei emprestado” Cem anos de Solidão, e, finalmente um Primo que, mesmo sem saber, foi o responsável por me apresentar uma parte do mundo literário que eu ainda não conhecia (me vejo obrigado a citar Anne Rice como exemplo). Acho que tudo isso tem um certo impacto na forma como leio e escrevo. Mas o amor, amor mesmo, mesmo nasceu e se desenvolveu quando eu ainda era uma criança, embalado pelos vários Beto e Brasa (Ediouro), e uma quantidade absurda de livros da série Vagalume (Ática).

Quando decidiu publicar seu primeiro livro? Quais fatores contribuíram ou dificultaram
sua estreia literária
Sempre tive vontade de “ser escritor”, mas nunca pensei exatamente em escrever livros. Eu sempre gostei de contar coisas tristes e alegres que aconteciam no mundo à minha volta. Sempre gostei de ler, mas foi na condição de mestre de RPG que percebi que gostava de contar histórias tanto quanto de lê-las, e decidi dedicar-me a escrever sobre coisas que me interessavam. No final de 2008 que eu comecei a escrever contos “quase fictícios” sobre o meu ambiente de trabalho; mostrei a alguns colegas, e eles me incentivaram a compilar o material para transformá-lo em um livro. Mas a vida é mesmo uma caixinha de surpresas, e por de algumas destas surpresas, a literatura foi sempre ficando em segundo plano, coberta por um manto de procrastinações e outras prioridades (mais procrastinações do que outras prioridades, eu admito).
Eu produzo muito rápido, e escrevo muito rápido (inclusive no quesito técnico, de digitar rárpido mesmo), e não tenho problemas de bloqueio – pelo menos até agora nunca tive e espero que continue assim – mas eu tenho um grave (íssimo) problema de foco. Por conta disso, comecei a amontoar vários textos divesos, separados em um monte de pastas; mas sem uma direção era quase como acumular tralha (só que virtual). Comecei a assistir videos no youtube, ler blogs sobre editoração, revisão, escrita criativa, qual editora escolher, auto-publicação, etc etc… até que eu finalmente achei o Diário de Escrita do papo de autor e sua “milagrosa” tabela de metas. Foi o empurrão que eu precisava pra desenrolar a minha primeira autopublicação pela Amazon. Não é nenhum tipo baboseira motivacional que eu já tinha visto em outras lives; é algo bem simples (e me senti muito idiota de não ter percebido isso sozinho): se você não tiver foco e terminar de escrever UMA coisa só, você não vai ter o que editar, revisar ou publicar.

Além de escritor, você tem outra profissão? Como você diria que essa profissão contribui para o enriquecimento da sua carreira  como escritor?
Fui aprovado no concurso de 2006 (antes de me graduar) para o antigo cargo de Digitador do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e atualmente exerço a mesma função, mas dentro da carreira de Técnico Judiciário. Meu trabalho consiste, basicamente, em editar e revisar documentos de vários tipos. Ofícios, mandados, intimações, memorandos e uma porção de outras coisas chatas, que demandam paciência e organização; que são a principal contribuição para minha atividade de escritor – uma vez que é uma qualidade que não veio “de fábrica” em mim, digamos assim. Além disso, o ambiente jurídico me fornece,“matéria-prima” para um dos meus projetos atuais, que é o segundo volume do “É todo um processo…”.
Além disso eu sou sócio-proprietário de uma escola de ballet clássico, e fui (ou sou… nunca sei que tempo verbal usar) professor de Tango Argentino e instrutor de Karatê Shotokan. Nunca usei nenhum desses ambientes na minha escrita (ainda) e não sei dizer se há objetivamente alguma contribuição para minha escrita… mas é provável que sim.

De onde surgiu a ideia para seu livro mais recente? Sobre o que ele fala?
“É todo um Processo…” é um livro de contos baseados no dia a dia de integrantes do universo jurídico brasileiro. Demorou quase uma década pra ele ser escrito, compilado e revisado.
Falam de uma Justiça que não costuma aparecer na televisão ou nos jornais, mas que existe: ela é feita de pessoas de carne e osso que não tem poder decisório nenhum sobre pra que lado as engrenagens vão girar, e nem a qual velocidade.
Na verdade, NÓS somos a engrenagem girada. É um livro pequeno, com histórias curtas para se ler numa sala de espera, numa viagem ou
numa ida mais prolongada ao banheiro. Ali tem histórias para fazer rir, para dar nó na garganta e para ficar reflexivo. Todos com um mesmo tema: O ambiente judiciário.
Estou em processo de escrita do volume 2

Quais dicas você daria para quem está iniciando?
Cara… EU estou iniciando, então acho muito estranho dar uma dica mais profunda ou defender este ou aquele comportamento criativo. Eu mesmo ainda corro atrás de compreender o funcionamento desta profissão que tanto quero colocar na frente do meu nome; então eu vou responder o que eu queria ouvir 8 anos atrás, quando eu comecei a divagar e escrever um monte de coisas desconexas com o tema central do meu livro: Pare de enrolar e escreva uma
coisa só! Não jogue nada fora, mas guarde todas as suas outras “grandes ideias” pra depois. Termine uma coisa e depois comece outra.

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